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Notícia

“Clamor e Canção no Coração do Crente”

Duas dimensões importantes da espiritualidade cristã: a oração e a adoração. Na oração, falamos sobre quem somos; na adoração, sobre quem Deus é. Mas uma não pode ser separada da outra: todo que ora, adora. E o que adora, o faz em oração. De acordo com as Escrituras, contudo, a legitimidade da oração e da adoração está na sinceridade do coração.
    O salmo 28 é uma súplica e, ao mesmo tempo, um hino de adoração, num clima de profunda sinceridade e transparência, fruto do reconhecimento da majestade de Deus e do reconhecimento da carência humana. Por isso, aprendemos com o salmista três lições importantes sobre o coração do crente que clama e que canta.
      Em primeiro lugar, o coração do crente que clama e canta reconhece sua necessidade de desfrutar intensamente da presença amorosa de Deus (A ti clamo, Senhor; rocha minha, não sejas surdo para comigo; para que não suceda, se te calares acerca de mim, seja eu semelhante aos que descem à cova). Reconhece a inviabilidade da vida sem Deus, ainda que também reconheça que a vida com Deus não significa uma espécie de imunidade contra os desafios e as adversidades. É um reconhecimento que se expressa como adoração, em dependência e humildade.
     Em segundo lugar, o coração do crente que clama e canta reconhece sua necessidade de superar sentimentos traumáticos pela certeza da justiça de Deus (Paga-lhes segundo as suas obras, segundo a malícia dos seus atos; dá-lhes conforme a obra de suas mãos, retribui-lhes o que merecem). Sabe que os sentimentos oscilam — caso contrário, não os sentiríamos —, dando lugar a desejos que não deveriam entrar em cena nas relações interpessoais; mas também sabe que, ao invés de simplesmente censurar-se, deve entregar cada um deles à justiça de Deus. Eis a vitória sobre o ódio, a mágoa, o rancor e o medo: confiar na justa providência e na justa retribuição do Deus soberano que intervém poderosamente na história humana. Sobretudo na história daqueles que nEle crêem.
     Em terceiro lugar, o coração do crente que clama e canta reconhece sua necessidade de descansar com alegria na força e no cuidado de Deus (O Senhor é a minha força e o meu escudo; nele o meu coração confia, nele fui socorrido; por isso, o meu coração exulta, e com o meu cântico o louvarei). Descansar: talvez o grande desafio no relacionamento com Deus. E o salmista vai além: descansa com alegria; com aquela alegria que se torna força e ânimo, não ao fim das batalhas, mas durante cada uma delas. Alegria que é força de Deus em nós. Alegria que é certeza do cuidado de Deus para conosco. Alegria que é louvor, gratidão, confiança e esperança.
    Enfim, o coração do crente está totalmente identificado com o coração de Jesus. Além de identificado, está inundado de amor por Jesus. É um coração tratado, dependente, amoroso, feliz. Tornou-se mais que um simples órgão do corpo e muito mais que um símbolo daquela fonte de nossas emoções e afetos: tornou-se habitação de Jesus, ambiente de graça e salvação, fé e esperança, oração e adoração. Reflexão acima com base no Salmo 28.

 Pr. Marcelo Gomes

1ª Igreja Presbiteriana Independente Maringá

marcelo@ipimaringa.org.br